O Capital de Giro de uma empresa é tão importante quanto o investimento fixo feito pelos sócios para a abertura do negócio. Isso porque, a saúde financeira e, mesmo, a sobrevivência da empresa depende do capital de giro bem gerenciado e bem aplicado. No final deste artigo, você vai encontrar uma Planilha gratuita de Cálculo de Necessidade de Capital de Giro.

Quando você e seus sócios resolveram empreender, cada um contribuiu com uma parcela de valor e estes recursos foram aplicados na compra de materiais necessários à existência física do negócio. Foram obtidos móveis, máquinas, mercadorias, uma sede foi comprada ou alugada e, assim, a estrutura física da sua empresa foi tomando forma.

Estes investimentos, que podemos considerar materiais, uma vez que são fixos e não possuem valores circulantes, recebem exatamente o nome de sua função: investimento fixo, como você pode saber mais neste artigo sobre Balanço Patrimonial.

Entretanto, para funcionar com tranquilidade e sem riscos de dependência de capital de bancos ou outras empresas privadas, um negócio precisa ter em mãos, de maneira facilmente acessível, valores que possam garantir esta existência mesmo quando a empresa não está gerando lucros.

São estes valores que vão manter o seu negócio vivo e funcionando enquanto uma parcela de clientes ainda não quitou seus pagamentos com a empresa e enquanto as vendas ainda não transformaram o investimento feito no estoque em lucro. A estes recursos, damos o nome de capital de giro, como vamos definir abaixo:

O que é capital de giro

Capital de giro são os recursos que a empresa dispõe para arcar com suas despesas de custos fixos e variáveis independente de estar gerando lucro ou recebendo recursos de outras fontes. É o dinheiro que vai garantir que a empresa continue sobrevivendo e funcionando enquanto os investimentos ainda não geraram retorno, os clientes que compraram a prazo ainda não pagaram suas faturas, ou, quando as vendas estão baixas e seus retornos não são suficientes para cobrir todas as despesas da empresa.

São considerados capital de giro, o estoque, uma vez que ela pode gerar recursos financeiros rapidamente com a venda dos produtos que fazem parte dele, os valores que a empresa dispõe em contas bancárias, os pagamentos que a empresa ainda tem por receber, e tudo aquilo que ela pode converter de maneira rápida em valores financeiros, como, títulos do tesouro e ações.

Para entender facilmente o que é o capital de giro, basta pensar que ele é uma reserva de valores feita pela empresa para que ela possa “pegar emprestado” quando for necessário.

Qual a importância do capital de giro

Bom, até aqui deve ter ficado bem claro que ter e gerenciar bem o capital de giro da sua empresa é o que pode garantir que ela opere de maneira mais fluida, com menos preocupações e com menos riscos de problemas financeiros.

Estas vantagens, por si só, já mostram que investir nesta área é essencial para qualquer empreendimento. Mas, além disso, há fatores que ainda precisam ser explicados para que você perceba o alcance da influência do capital de giro dentro de um negócio.

Para você e seus sócios, manter as contas da empresa em dia é importante, não é? É importante, também, manter uma boa relação com os fornecedores, garantindo descontos por pagar suas encomendas à vista ou de maneira pontual, não é?

Fazer estas duas coisas, sem capital de giro é perigoso para qualquer empresa, uma vez que, para fazer isso, você teria que retirar valores do caixa da empresa, gerando um desequilíbrio que poucas vezes é notado pelos empresários.

O que dizer sobre os gastos imprevistos? E se a empresa não tiver dinheiro em caixa para pagar aquelas contas que surgem de última hora e com as quais você não conta?

O capital de giro também pode ser considerado um financiador próprio da empresa. vamos pensar na seguinte maneira:

Quando você vende um produto à prazo para um cliente que só vai pagar a sua compra no mês seguinte, você não está financiando este produto para ele? Está, já que se para pagar as contas a sua empresa dependesse desse dinheiro que só vem posteriormente, ela atrasaria seus pagamentos e ainda teria que pagar juros.

Quando você vende a prazo você está financiando a venda para seu cliente, uma vez que é com o capital de giro que você amortiza as despesas da empresa que de outra maneira, seriam pagas com os valores pagos à vista.

O mesmo ocorre com o estoque. Independente do sistema de gestão de estoque que a sua empresa utilize, estas mercadorias que estão armazenadas lá, representam dinheiro parado, uma vez que elas só vão virar lucro e retorno financeiro quando forem vendidas. Qualquer giro de estoque vai representar um fluxo de caixa para a empresa mas, enquanto os produtos estão lá parados você e seus sócios devem ter outro fundo de onde tirar dinheiro para pagar as contas de custo fixo.

Como obter capital de giro

O ideal é que a sua empresa não precise recorrer a instituições financeiras e bancos para obter capital de giro. Fazer empréstimos para obter ativo circulante, como este recurso também é chamado, só agrava a situação da empresa a longo prazo, uma vez que o empresário pode acabar enredado em juros intermináveis e parcelas que levam anos para serem pagas.

Para obter capital de giro o empresário deve fazer assim como foi feito na hora de abrir a empresa: juntar investimentos dos sócios de acordo com a participação acionária deles no negócio. É muito mais garantido e justo com a saúde financeira do empreendimento e, ainda, assegura que aquela reserva financeira não gerará nenhum prejuízo com juros com o passar do tempo.

Um fundo de capital de giro deve ter, razoavelmente, a capacidade de garantir o pagamento dos custos fixos da empresa por pelo menos seis meses. Portanto, se a sua empresa precisa de R$ 30 mil reais mensais para cobrir gastos com funcionários, fornecedores, contas de luz, água, telefone, manutenção de funcionários, etc…, você deve ter como capital de giro, pelo menos R$ 180 mil reais.

Isso, sendo razoável. O ideal é que este fundo possa garantir, realmente, a sobrevivência da empresa por, no mínimo um ano.

Outra opção, bem menos segura, para se obter capital de giro, é solicitar a um banco uma análise de crédito, baseado no patrimônio da sua empresa e tentar conseguir um empréstimo com base nessa análise. Frisamos que esta é a alternativa menos segura porque, há grandes chances de os juros exigidos pelos bancos nesses casos, serem abusivos e, isso pode sair muito caro – não só financeiramente – para a empresa.

Como calcular o capital de giro

O cálculo para chegar até o valor mínimo necessário para o capital de giro não é difícil de fazer, mas, antes, é necessário que você entenda certos conceitos, como:

  • Ativo circulante: são todos aqueles recursos que são facilmente convertidos em dinheiro. Entram nesta categoria todas as contas que a sua empresa ainda tem a receber, os recursos que estão guardados em contas bancárias, títulos do tesouro, etc…
  • Passivo circulante: são todas as despesas fixas, aquelas que você terá todos os meses e que possuem pouca variação ou variação previsível. Entram nesta categoria as contas com seus fornecedores, conta de aluguel, salários e encargos trabalhistas de seus funcionários, pagamento de empréstimos, etc…

Agora é simples: o capital de giro líquido é resultante de subtração do valor dos ativos circulantes pelos passivos circulantes, na seguinte fórmula:

Ativo circulante – Passivo circulante = capital de giro líquido

ou

AC – PC = CGL

Bem simples, não é? Agora que você conhece esse cálculo, converse com os seus sócios para definir estratégias para garantir um bom capital de giro, uma vez que o sucesso do empreendimento de todos vocês pode depender disso.

 

Para facilitar a sua vida a gente ainda criou uma Planilha de Cálculo de Necessidade de Capital de Giro. Ela é gratuita e pode ser baixada clicando na imagem abaixo.

Planilha Necessidade de Capital de Giro

Se você deseja saber mais sobre o assunto, é só dar uma olhadinha nesse vídeo produzido pela equipe do QuantoSobra:

Vale frisar que, como vocês estarão lidando com cálculos que envolvem valores complexos e importantes para a empresa, contar com a segurança dos relatórios financeiros gerados por um bom sistema de gestão financeira pode fazer toda a diferença.

Sistema de gestão empresarial: o que é e como pode ajudar a sua empresa